Réquiem Para o Sertanejo

Por: Kener Pereira Coutinho Neves

(Benoni Coutinho Neves) –  39/40

Já viste o Serão?

A fome assolando

O sol fumegando

O gado arfando

Mulheres secando

Crianças chorando

Urubus voando

O povo rezando – Edis gargalhando

Já viste o Sertão?

Os homens morrendo

Arbustos ardendo

Poeira batendo

O solo fedendo

Chinelos correndo

Gargantas gemendo

Descrença vencendo – Edis prometendo

Já viste o Sertão?

Os olhos carpindo

Os corpos caindo

As vidas fugindo

As almas subindo      

Os vivos partindo

Estrada sumindo

Poeira seguindo – Edis aplaudindo

Já viste o Sertão?

Miséria compondo

No peito um estrondo

Ferrão marimbondo

A cova transpondo

As penas se opondo

Ao disco re3dondo

Caminhos de embondo – Edis se impondo

Já viste o Sertão?

Um poço profundo

No solo infecundo

Bem velho, iracundo

Outrora rotundo

Já nauseabundo

Será vagabundo

Depois moribundo – Edis noutro mundo.