Agradecimentos Especiais

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS: - VALDIR FERREIRA DE SOUZA - O grande ''Azambuja'', o mago da informática, poeta emérito, ninja do mais alto DAN e amigo dileto que teve papel cardinal na preparação, composição e arte final do livro (Diversas Minas de Versos). Para ele os méritos da apresentação visual. - WENCESLAU TEIXEIRA MADEIRA - Cuja a sensibilidade poética por certo o levará ao céu.

Novo e-mail:diversasminasdeversos@gmail.com

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Monólogo de Gratidão - À minha querida enxada



Monólogo de Gratidão (À minha querida enxada)

Por: Kener Pereira Coutinho Neves

(Benoni Coutinho Neves) – 54/55

Faz muito tempo, eu tinha cinco anos
Quando você entrou na minha vida
Papai comprou você de uns ciganos
Era uma enxada grande e bem fornida

Assim ganhei você como um presente
E juntos começamos nossa história
É pena que o papai já esteja ausente
Embora eu o guarde sempre na memória

Foi ele quem botou-lhe um cabo reto
Bateu a cunha com muito cuidado
E após testar você nos pés de abeto
Olhou-me e fez sinal de “aprovado”

Já no dia seguinte começamos
Você era rebelde e eu também
Por algum tempo nós nos maltratamos
Igual a Julieta e Romeu

Cheguei a atirá-la num lajedo
Quem sabe, você ficava mais terna
Logo a seguir fiquei morto de medo:
Você pulou e feriu minha perna

Somente quando eu já de mãos calosas
Você, sem aspereza, o cabo liso
É que vimos que as coisas dolorosas
Doem muito mais em quem não tem juízo

Você nos ajudava na labuta
Plantávamos feijão, milho, mandioca,
Nas noites de caçada era uma luta
Nós íamos cavar tatu na toca

Recordo-me quando salvaste-me a vida
Fazendo em pleno ar uma manobra
Livrando-me de uma fatal mordida
Decepando a cabeça de uma cobra

Cavamos fundações de alvenaria
Construímos as casas dos parentes
A capelinha da Virgem Maria
E um ambulatório pra doentes

Enquanto eu fui crescendo em estatura
Você diminuiu, foi se gastando
Mas continua ainda forte, dura
Sem nunca esmorecer, sempre cavando

Das atribuições que você tinha
Só uma de deixava entristecido:
Quando morria alguém você já vinha
Abrir a cova para o falecido

Mas hoje eu compreendo o seu destino
Agora sei porque você é forte
Você me acompanhou desde menino
Você vai estar comigo em minha morte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário