Agradecimentos Especiais

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS: - VALDIR FERREIRA DE SOUZA - O grande ''Azambuja'', o mago da informática, poeta emérito, ninja do mais alto DAN e amigo dileto que teve papel cardinal na preparação, composição e arte final do livro (Diversas Minas de Versos). Para ele os méritos da apresentação visual. - WENCESLAU TEIXEIRA MADEIRA - Cuja a sensibilidade poética por certo o levará ao céu.

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Deusa de Pedra

Por: Kener Pereira Coutinho Neves

(Benoni Coutinho Neves) - 67

Balança pra pesar justiça
Espada lembrando temor
Nos olhos a venda postiça
Nas vestes um total pudor

Um corpo esculpido em pedra
Um rosto sem falso sorriso
Um peito onde o ódio não medra
Um imponente altar do ciso

Que pena, tua voz calada
Teu olhos que não tem visão
Ouvidos que não ouvem nada
Espada abaixada ao chão

Quem dera que tivesses vida
Perfeito e justo um coração
Verias a razão falida
Justiça a golpes de facão

Tu foste o escudo da sentença
Que condenou mestre Jesus
E hoje em tua presença
Mais inocentes vão a cruz

Um dia por entre os escombros
Nasce o sol no mausoléu
Feridas sangrando nos ombros
Estrelas brilhando no céu

(Estrela pregadas nos ombros
Não são as que brilham no céu)

Réquiem Para um Condenado

Por: Kener Pereira Coutinho Neves

(Benoni Coutinho Neves) 68/69

(Tributo à Wladimir Herzog, Manoel Fiel, Rubens Paiva e aos demais citados no livro ``Brasil Nunca Mais``)

A porta que se bate ao rosto
O rio que não dá passagem
O pão que se come sem gosto
Olhares que não deixam margem
A noite que escondeu a lua
O dia que nasceu sem sol
A vida que é tão dura e crua
Um lago preso num atol

A fé que se esvai na luta
O dedo em riste acusador
A santa que nasceu na gruta
Amantes que não dão amor
A mão que não se estende aberta
A língua que destila fel
Um laço que sufoca e aperta
A missa cantada em bordel

Inveja que nasceu no berço
Esmola atirada ao chão
A reza que não tem no teço
E passos que não pisam ao chão
A lei que foi feita prá louco
A grade que divide a rua
Milhões que para uns é pouco
Pobreza é corpo e alma nua

O grito que sai num cochicho

O diabo construindo a cruz
Cristãos com caração de bicho
Ladrões ao lado de Jesus
A vela que ilumina a morte
Verão que sempre foi inverno
Azar que se casou com a sorte
Aplausos ao entrar no inferno

O acaso que foi planejado
A arma que tem pontaria
A corda para um enforcado
A vida sem ter noite e dia
A mente se transforma em alma
O corpo se transforma em flor
A voz já conquistou a calma
Já não há mais riso nem dor

Refrão

Mas é muita coincidência
É muita patifaria
Viva sabendo o que faz
O relógio do tempo
Não anda pra trás

A Sangue Frio

Por: Kener Pereira Coutinho Neves

(Benoni Coutinho Neves) - 70

Na mira de um rifle, uma vida pendente
Um dedo ao gatilho, um covarde, demente
A bala da arma está pronta a sair
Vai deixar um corpo sangrando ao cair

Coronha apoiada o tiro aguardando
O olho esquerdo bem lento fechando
Os dentes cerrados, a mão sem tremer
Respiração lenta, no peito o prazer
Na mente, o viver bem despeocupado
No bolso o dinheiro do preço acertado

Espírito fraco num corpo bem forte
Espírito forte num corpo bem fraco

A agulha da arma já está recuada
A alça de mira já foi regulada
A linha de tiro visa um coração
Que pulsa em paz, com amor e afeição

É chegada a hora, o dedo se curva
Mas sente a ardência, a vista se turva
A arma lhe pesa e escapa da mão
Alguém lhe amparando é a última imagem
Um rosto inocente - E a grande viagem

Espírito fraco num corpo bem forte
Espírito forte num corpo bem fraco.