Por:
Kener Pereira Coutinho Neves
(Benoni Coutinho Neves) – 16/17
Eu gosto
de você minha bengala
E esse
gostar que bem no fundo cala
Irá
comigo até minha partida.
Nos
encontramos, dois necessitados
Eu
precisando apoio de um cajado
E tu de
alguém que transmitisse vida
Troquei
tua roupa, te fiz forte e bela
Quem te
vê hoje não diz ser aquela
Feia,
encardida e pelo chão jogada.
Pus
adereços, te dei forma e cor
Empreguei
arte, gosto e muito amor
Te
preparei para seguir jornada
Primeiros
passos pra nos conhecermos
Se
adaptando, chegando a bons termos
Buscando
sempre um bom entrosamento.
Te adaptaste
a mim como uma luva
Me
acostumei a ti qual vinho à uva
E estamos
juntos por todo este tempo
Andamos
por lugares bem distantes
Longínquas
terras, pastos verdejantes
Sertões
bravios, sol abrasador,
Palácios
ricos cheios de beleza
Palhoças
feitas só de natureza
Tendo por
patrimônio a fome e a dor
Atravessamos
pontes, avenidas,
Cruzamos
alamedas tão floridas
Subimos
edifícios altaneiros.
Pisamos
solo fértil, plantações,
Asfalto,
lama suja, inundações,
Entramos
em Igrejas e Mosteiros
Juntos
lutamos contra desafetos
Contigo
ao alto lancei meus protestos
Fui
respeitado com você nas mãos.
Te dei
maus tratos, você nem ligava
E assim
cada vez mais eu confiava
Em ti sob
qualquer situação
E “pari
passu” iremos caminhando
Até um
dia, só Deus sabe quando
Te
deixarei definitivamente.
Tu
ficarás servindo a quem te tome
Serei
lembrado, em ti gravei meu nome
Com
gratidão e amor, notadamente.
Levar-me-ás
ao meu último abrigo
Dali a
consciência irá comigo
Ouvir a
voz de Deus que a tudo cala
E se Ele
perguntar-me o que desejo,
Se alguma
ajuda pra seguir almejo
Eu
pedirei: Senhor, minha bengala!