Por: Kener Pereira Coutinho Neves
(Benoni Coutinho Neves) - 76/77
No bolso um pé de coelho embalsamado
Pescoço com colares e miçangas
A reza pra ter o corpo fechado
Num patuá com outras bugigangas
Um ''13'' trabalho em ouro puro
Cravado com brilhantes de um quilate
Pra iluminar qualquer caminho escuro
E conseguir vitória sem debate
Em casa, mais de vinte ferradura
Pregadas nas paredes e nas portas
Benzidas as chaves e fechaduras
E mais dois chifres com as pontas tortas
Jamais passar por baixo da escada
Sair na mesma porta onde entrou
Se gato preto cruzar a estrada
Não mais passar por onde ele cruzou
Ler o horóscopo de manhãzinha
Seguindo sua orientação
Rezar de tráz pra frente a ladainha
Com um pé no sapato, outro no chão
Jamais usar o pé esquerdo antes
Ao acordar ou transpor os portais
Comprar estatuetas de elefantes,
Corujas, Budas em seus pedestais
... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
E seguem por aí outras besteiras
Atormentando a vida desta gente
Um povo acreditando em asneiras
Bem mais do que num Deus onipotente
Ainda bem que que não creio em feitiço
Nem dou nenhum valor ao feiticeiro
Um talismã pra mim é deus postiço
O medo faz o homem prisioneiro
Comigo só carrego uma bengala
Com ela me sinto mais que perfeito
Pra não chutar a sorte sem prová-la
Por sorte Deus Tirou-me o pé direito.
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