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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Velhos Vultos de um Novíssimo Testamento

Por: Kener Pereira Coutinho Neves

(Benoni Coutinho Neves) - 96/97/98/99/100

Em meio à confusão nasceu o mundo
E pouca coisa até hoje mudou
Ao certo só existe a forma e o fundo
Um solo literalmente fecundo
Em cima a confusão que fecundou

Primeiro foi o nosso pai Adão
Casou-se sem assinar o papel
Não teve infância, já nasceu grandão
Não deu aos filhos boa educação
Daí foi que Caím matou Abel

Moisés quis colocar ordem na casa
Guiando o povo à terra prometida
O mar vermelho quase o arrasa
Mas ele esculpio na pedra em brasa
As leis para uma conduta de vida

Rei Salomão também era juiz
Em casa possuia mil talheres
O que a história até hoje não diz
É se a vida dele era feliz
Diariamente ao ''som'' de mil mulheres

Daví era poeta e guereiro
Lutava para defender seu povo
No tiro ao alvo era o mais certeiro
Não conversava, atirava primeiro
Depois ele escrevia um verso novo

Noé foi capitão de longo curso
Ficou famoso pela sua arca
Salvou da morte até um ''amigo urso''
E outros animais que no decurso
Tiveram quarentena em sua barca

Foi Jó quem amargou com sapiência
A aposta que Deus fez com Satanás
O Diabo duvidou da paciência
Mas mesmo assim Jó não pediu clemência
E Deus passou o Diabo para trás

Quem tinha pressão alta era Ló
Qualquer comida lhe fazia mal
A mulher dele é que não tinha dó
Salgava do angu até o jiló
Daí ela virou estátua de sal

Nabucodonosor, rei jardineiro
Deu à rainha o que ela bem quis:
Da Babilônia fez grande canteiro
Jardins suspensos em todo terreiro
Depois comeu capim pela raiz

Sansão era um gigante cabeludo
Casou-se com Dalila por ser boa
À noite, ela com as mãos de veludo
Raspou-lhe a cabeça, cortou tudo
Os filisteus pegaram ele atoa

Jogaram Daniel em uma cova
Repleta de leões, sem brincadeira!
Por sorte conseguiu vencer a prova
Pois os leões, cheirando a carne nova
Sentiram não ser carne de primeira

O Jonas foi um grande pregador
Mas tinha uma mania muito feia:
Dormia muito, era um sonhador
E por desobedecer ao Senhor
Foi parar na barriga da baleia

Paulo de Tarso era um cangaceiro
Vivia perseguindo os cristãos
Mas ao cair de seu burro ligeiro
E ficar cego, embora passageiro
Se arrependeu; tornou-se um dos irmãos

Herodes foi um grande infanticida
Que não considerou nenhum parente
Com sua alma podre, carcomida
Não respeitou sequer mulher parida
Matando todo macho inocente

Zaqueu era um rico ‘’anão-gigante’’
Queria ver Jesus de todo jeito
Mas como ele não tinha elefante
Fez de uma figueira seu mirante
Jesus fez dele um amigo do peito

Pilatos, juiz inescrupuloso
Lavava as mãos após as decisões
Não via em Jesus um criminoso
Mas consentiu, num gesto odioso
Cruxificá-lo em meio a dois ladrões

José de Arimatéia  sepultou
O corpo de Jesus num mausoléu
Com um lençol de linho o embrulhou
Foi este o Sudário que ficou
Retrato de Jesus ao povo incréu

Maria Madalena, a pecadora
Foi a melhor amiga de Jesus
Tornou-se uma mulher sofredora
Ao ver a cena estarrecedora:
O mestre ser pregado numa cruz

O Pedro era um grande mentiroso
Pudera! Ele era pescador
Negou Jesus num gesto vergonhoso
Bem antes do cantar melodioso
Do galo, nosso bom despertador

Sorte mesquinha teve João Batista
O grande pregador, homem de fé
Foi torturado tal qual comunista
E degolado por um ateísta
Satisfazendo a mãe de Salomé

Havia um que era curioso
Seu nome todos sabem: é Tomé
Só vendo acreditava, o tinhoso
Por isso ela ficava furioso
Se alguém chamava-o de ‘’pouca fé’’

Também já existiam beijoqueiros
O judas, um rapaz endividado
Beijou o Mestre por trinta dinheiros
Trocou a amizade entre parceiros
Pela sagacidade de um soldado

O Lucas foi doutor em medicina
Devido a Previdência, foi-se a calma:
Mil filas; nenhuma penicilina!
Largou tudo, tomou uma aspirina
E a partir daí só curou alma

Os demais vultos fogem-me a memória
Um dia os lembrarei, tenho certeza
Então eu contarei a sua história
Quer seja de tristeza ou de glória
Em versos ficarão uma beleza.

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